Notícias > Em 10 anos, renováveis devem avançar 5,1%

05/11/2012 - Ao longo dos próximos dez anos, o conjunto das fontes renováveis de energia no Brasil deverá crescer a uma taxa média de 5,1% ao ano, passando de uma participação total de 43,1% na matriz energética brasileira para 45% em 2021. A projeção consta do documento do novo ciclo do Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE), com foco no ano de 2021, produzido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).


A malha de transmissão deverá se expandir em 47,7 mil Km em dez anos Foto: Rodrigo Carvalho

Segundo a empresa, a capacidade instalada no Sistema Interligado Nacional entre 2012 e 2021 deverá crescer 56% no período, saltando de 116,5 mil MW para 182,4 mil MW.

Um dos destaques do novo ciclo de planejamento é o forte crescimento da fonte eólica, cuja capacidade instalada chegará, pelas projeções, a 16 mil MW ao final do horizonte - ultrapassando a capacidade da geração à biomassa, que terá 13 mil MW.

Ainda de acordo com a EPE, a expectativa é de que o País contará com um acréscimo de 31,7 mil MW de geração hidrelétrica. A região Norte é onde ocorrerá a maior expansão hidrelétrica, devido à entrada em operação de grandes empreendimentos, com destaque para a usina hidrelétrica de Belo Monte, cuja motorização se dará em três anos com a entrada em operação de seis máquinas de 611,1 MW por ano.

Dos 65.910 MW a serem acrescentados ao parque de geração de eletricidade até 2021, 61% já se encontra contratado através dos Leilões de Energia realizados pelo governo até 2011. A parcela ainda a ser contratada, de acordo com o planejamento, virá de fontes renováveis (principalmente hídrica e eólica), além de gás natural em 2021.

Transmissão

Já a malha de transmissão de energia deverá se expandir em 47,7 mil quilômetros (Km) nos próximos dez anos, atingindo uma extensão de 150,5 mil km em 2021. O maior acréscimo ocorrerá na rede de 500 kV, cuja extensão, ao final da década, será de 61,7 mil km.

A projeção do novo PDE inclui ainda a implantação de 7,3 mil km de linhas de 800 kV de corrente contínua - as primeiras neste nível de tensão em todo o País -, que escoarão até 8 mil MW produzidos pela usina de Belo Monte, no Pará, para os estados da região Sudeste.

Novos leilões

O Ceará junto com mais dez Estados brasileiros serão beneficiados com 15 novas linhas de transmissão e oito subestações. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) realizará no próximo dia 5 de dezembro, o Leilão de Transmissão nº 07/2012.

Serão licitados oito lotes, compostos de 4.445 km em linhas de transmissão e de subestações com um total de 1.940 mega-volt-amperes (MVA) de potência. As novas instalações vão demandar investimentos da ordem de R$ 4,3 bilhões em 11 estados, com geração de 8.623 empregos diretos. O prazo de conclusão das obras será de 22 a 36 meses e os contratos de concessão são de 30 anos.

Carga tributária pesa

O problema da geração de energia brasileira, na avaliação de Eduardo Spalding, coordenador da Comissão de Energia da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), é a carga tributária do setor, que ultrapassa 50%.

Como consequência, o custo da energia no Brasil é o dobro da média mundial: cerca de US$ 60 o megawatt/hora (MWh), ante US$ 30, segundo a Commodities Research Union (CRU), consultoria internacional que acompanha preços de matérias-primas para setores como siderurgia e energia elétrica. "Isso nos coloca em uma situação insustentável. O custo da energia, descontada a inflação, dobrou em nove anos no Brasil ", ressalta.

Outro problema de relevância, aponta o executivo, é o custo do gás, que corresponde a cerca de US$ 4,5 o milhão de BTU nos EUA, enquanto no Brasil já chega a US$ 14. (ADJ)

Expansão

56%
é o crescimento da capacidade instalada no Sistema Interligado Nacional prevista para o intervalo entre 2012 e 2021

31,7
mil MW é a expectativa de acréscimo na geração de energia por hidrelétrica da EPE, ancorada, principalmente, em Belo Monte

Empresas do setor podem perder até 70% da receita

Brasília. Após a divulgação na noite da última quinta-feira das novas tarifas de geração para 81 usinas que poderão renovar seus contratos de concessão, executivos do setor já começaram a calcular o impacto que os valores atualizados, para baixo, pelas próximas três décadas, podem causar nas finanças das companhias. Contas preliminares indicam uma redução média de mais de 70% nas receitas.

O governo até complicou o trabalho das empresas, apresentando as novas tarifas de cada usina definidas por quilowatt/ano (kW/ano) em vez, do tradicional megawatt/hora (mW/h). Mas cálculos iniciais feitos pelo presidente da Associação Brasileira de Investidores em Auto Produção de Energia (Abiape), Mário Menel, ajudam a ter um panorama inicial da "devastação tarifária" promovida pela renovação dos contratos.

Considerando um fator de 0.55 correspondente à produtividade média de todas as usinas do setor interligado brasileiro, o executivo chegou a um resultado médio de R$ 23,46 por mW/h para o grupo das 81 unidades em processo de renovação. O valor é 72,4% menor que a média de R$ 85 por mW/h praticada no País atualmente.

Indenizações à vista

Menel também destacou que o volume das indenizações divulgadas pelo Ministério de Minas de Energia (MME) - que ficaram em torno R$ 20 bilhões para 15 usinas e nove transmissoras - não passou nem perto das expectativas do setor que, por valores contábeis, chegavam a R$ 47 bilhões. A Eletrobras esperava receber R$ 30 bilhões e irá levar a metade, cerca de R$ 14 bilhões. A Cesp pedia R$ 9 bilhões e vai ficar com cerca de R$ 1 bilhão.

"Com certeza o governo só divulgou as tabelas no início da noite para não tumultuar muito o mercado, mas ainda haverá muita repercussão na Bolsa de Valores a partir de segunda-feira. E não há como contestar os cálculos do governo, porque as contas não foram divulgadas, só os resultados", frisou Menel. O saque das indenizações poderá ser feito à vista.